terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Uma vida meditativa

Uma vida meditativa

Gloria Arieira


A vida é um fluxo contínuo de experiências. Nossa vida diária inclui relacionar-se com os outros e consigo mesmo. Não podemos fugir de nos relacionarmos. Quanto mais claros estivermos dentro de um relacionamento, mais saudável e produtor de satisfação será para nós. Buscamos amor, compreensão e compaixão nos relacionamentos, porém nem sempre encontraremos.
Podemos crescer emocionalmente através de nossos relacionamentos, porém quando nos relacionamos buscamos estar confortável, sermos reconhecidos e aceitos. No processo entendemos melhor e acomodamos nós mesmos e os outros, descobrimos fatos a nosso respeito e sobre os outros, e aprendemos que não é possível termos todas as qualidades admiradas e desejadas por si mesmo e pelos outros. Gostamos de pessoas nas quais encontramos maior número de qualidades que admiramos, mas devemos estar preparados para as que inevitavelmente estarão presentes apesar de não aprovarmos. A apreciação ou aprovação absoluta de nós mesmos ou de outra pessoa é uma situação ideal e impossível.









Não podemos evitar as emoções, pois elas são reações naturais às situações diárias da vida. Sejam expressas ou não, qualquer evento nos faz responder com apreciação, repulsão ou indiferença. Reconhece-las e lidar com elas é fundamental para a harmonia e saúde em nossa vida. Entendendo a nós mesmos e aos outros, reconhecendo nossas emoções e pensamentos, temos o poder de gerenciá-los criando um ambiente de equilíbrio ao nosso redor.



Estar consciente desses fatos e preparado para vivê-los é considerado um estilo de vida chamado de yoga. Além desta vida meditativa, a prática diária de meditação é outro fator importante, falado por Sri Krshna na Bhagavadgita.



A meditação é a capacidade de estar consigo mesmo, tanto a pessoa relativa que você é, como na descoberta do ser fundamental, sua real natureza. É um momento reservado no dia. Logo depois de estar sentado, de olhos fechados e coluna, pescoço e cabeça em alinhamento, o seu corpo e, a seguir, a respiração são observados. Depois de estarem o corpo e a mente relativamente relaxados, criamos uma relação com o Todo através do canto de um mantra, que é uma oração através da qual o Criador é invocado. No processo de repetir o mantra, chamado de japa, a mentre se destrai, pensa em outras coisas, e a pessoa até esquece, por alguns segundos, que estava meditando. Aconselha-se a voltar ao mantra toda vez que a mente se distrai, o que nos ajuda a entender melhor a natureza relativa de nossa mente, sua constante mudança e a dificuldade que é segurar os pensamentos. Mesmo quando pensamentos vários aparecem, deliberadamente os deixamos de lado, junto com julgamentos e críticas, e focamos no silêncio imutável sempre presente. Podemos perceber, entre os pensamentos, a presença do silêncio, e aos poucos descobrimos que este não está entre pensamentos, mas que  é a base, o próprio sujeito. Quando em silêncio, este é experienciado não como algo externo, que vem e vai, mas como algo sempre presente. O silêncio é a paz independente da presença ou ausência de pensamentos.  Esta capacidade de estar consigo mesmo, sem crítica nem desejo de ser diferente, permite apreciar a paz e a satisfação inerente a si mesmo. A meditação é uma prática que faz parte de uma vida meditativa onde cada momento que é vivido, com deliberação e clareza, faz diferença, colaborando para o autoconhecimento – objetivo mais elevado da vida humana.







Um comentário:

  1. Entendo que a meditação é a chave do portal no aqui e agora para irmos além do tempo. Luz!

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