Uma vida meditativa
Gloria Arieira
A vida é um fluxo contínuo de experiências. Nossa vida
diária inclui relacionar-se com os outros e consigo mesmo. Não podemos fugir de
nos relacionarmos. Quanto mais claros estivermos dentro de um relacionamento,
mais saudável e produtor de satisfação será para nós. Buscamos amor,
compreensão e compaixão nos relacionamentos, porém nem sempre encontraremos.
Podemos crescer emocionalmente
através de nossos relacionamentos, porém quando nos relacionamos buscamos estar
confortável, sermos reconhecidos e aceitos. No processo entendemos melhor e
acomodamos nós mesmos e os outros, descobrimos fatos a nosso respeito e sobre
os outros, e aprendemos que não é possível termos todas as qualidades
admiradas e desejadas por si mesmo e pelos outros. Gostamos de pessoas nas
quais encontramos maior número de qualidades que admiramos, mas devemos
estar preparados para as que inevitavelmente estarão presentes apesar de não
aprovarmos. A apreciação ou aprovação absoluta de nós mesmos ou de outra pessoa é uma situação ideal e impossível.
Estar consciente desses fatos e
preparado para vivê-los é considerado um estilo de vida chamado de
yoga. Além desta vida meditativa, a prática diária de meditação é outro
fator importante, falado por Sri Krshna na Bhagavadgita.
A meditação é a capacidade de estar
consigo mesmo, tanto a pessoa relativa que você é, como na descoberta do ser
fundamental, sua real natureza. É um momento reservado no dia. Logo depois de
estar sentado, de olhos fechados e coluna, pescoço e cabeça em alinhamento, o seu
corpo e, a seguir, a respiração são observados. Depois de estarem o corpo e a
mente relativamente relaxados, criamos uma relação com o Todo através do canto
de um mantra, que é uma oração através da qual o Criador é invocado. No
processo de repetir o mantra, chamado de japa, a mentre se destrai, pensa em
outras coisas, e a pessoa até esquece, por alguns segundos, que estava
meditando. Aconselha-se a voltar ao mantra toda vez que a mente se distrai, o
que nos ajuda a entender melhor a natureza relativa de nossa mente, sua
constante mudança e a dificuldade que é segurar os pensamentos. Mesmo quando
pensamentos vários aparecem, deliberadamente os deixamos de lado, junto com
julgamentos e críticas, e focamos no silêncio imutável sempre presente. Podemos
perceber, entre os pensamentos, a presença do silêncio, e aos poucos
descobrimos que este não está entre pensamentos, mas que é a base, o próprio sujeito. Quando em
silêncio, este é experienciado não como algo externo, que vem e vai, mas como
algo sempre presente. O silêncio é a paz independente da presença ou ausência
de pensamentos. Esta capacidade de estar
consigo mesmo, sem crítica nem desejo de ser diferente, permite apreciar a paz
e a satisfação inerente a si mesmo. A meditação é uma prática que faz parte de
uma vida meditativa onde cada momento que é vivido, com deliberação e clareza,
faz diferença, colaborando para o autoconhecimento – objetivo mais elevado
da vida humana.
Entendo que a meditação é a chave do portal no aqui e agora para irmos além do tempo. Luz!
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